Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Massa 7 dias por semana

Um blog sobre as peripécias de uma rapariguita que foi viver sozinha

Massa 7 dias por semana

Um blog sobre as peripécias de uma rapariguita que foi viver sozinha

16.06.20

Buraco sem fundo

Valerie

Rapaziada, meus queridos amigos, seguidores, subscritores e companhia limitada,

Vocês, ao longo da vossa humilde vida, já se aperceberam de que estão a ficar velhinhos?

Eu já.

E piora quando acordo de manhã e vou trabalhar, às vezes, contrariada. Que sinto estar a desperdiçar o meu valioso tempo, quando poderia estar a viajar e a fotografar qualquer cena.

Ultimamente ando cheia de pressa para tudo. Quero terminar o mestrado. Começar o doutoramento. Ingressar no mercado de trabalho a sério (leia-se, a ganhar como gente grande) e a poder ter a minha vida orientada duma vez.

Sim, este post é sobre trabalho, dinheiro e iniciar uma vida a solo, e a ligação que há entre estes 3 factores.

Realmente, estes factores não funcionam uns sem os outros. E honestamente, enquanto escrevo isto penso que há milhares de jovens (e já não tão jovens) como eu.

Estudei, até hoje, durante 20 anos. Fiz o obrigatório, resolvi licenciar-me e depois fazer mestrado. E ainda quero ir ao doutoramento.

Mas, olho para o saldo bancário e vejo exatamente o mesmo valor que recebia quando trabalhava no jumbo, sem qualquer licenciatura ou mestrado concluidos.

A culpa não é dos patrões. É do próprio mercado de trabalho que está saturado. Pensamos nós.

É revoltante, ou pelo menos para mim é, saber que há tanta gente que, tal como eu também estudou, a ganhar 3 vezes mais do que eu. Sim, também sei que há milhares que estão desempregados. Mas o post não é para os desempregados, pois também sei o que é viver nessa tormenta.

Quando era mais pequena a minha familia atazanava-me o juízo para eu fazer um curso superior, pois caso contrário teria uma vida mais complicada... Conclusão da história: 27 anos e nem ganho o suficiente para pagar a minha renda, as despesas e para comer.

Sim, esta é a minha realidade e a de muita gente que deseja viver sozinha. Lamento desiludir-vos, mas o instagram é um autêntico poço de aparências e a vida não é tão simples conforme as influencers querem fazer parecer.

E vocês sabem, pois terei, com toda a certeza, leitores em situação semelhante à minha.

Não me queixo, atenção. Tenho muito mais do que alguma vez pensei vir a ter. Tanto mais sozinha. Mas só tenho porque os meus pais me ajudam. E queria, honestamente, deixar de viver nestas condições.

Sei que há tanto jovem que também não ganha o suficiente para se pôr a andar da casa dos pais... Tal como eu, que só saí porque vim estudar para longe e fui-me deixando cá ficar...

Mas, digam lá, não é triste?

Os nossos pais já tinham filhos com a nossa idade, a sua casa e carro e não precisavam de pedir dinheiro aos pais. E nós, depois de gastarmos rios de dinheiro em estudos, andamos nisto... A contar tostões para beber uma cerveja, ou a comprar massa com atum porque já não dá para comer um naco de carne.

É triste. Pelo menos eu acho. 

Ah e tal, e emigrar? Sim, é uma hipótese que está cada vez mais em cima da mesa. Mas ao mesmo tempo dá aquele friozinho na barriga, do medo do desconhecido.

E muito importante, não me venham com a história de que quando o pessoal é bom, as oportunidades aparecem. 80% das vezes é treta, porque existem excelentes profissionais que estão na mesma situação que eu. No meu caso, o problema é mesmo a profissão. 

Até pode ser que um dia venha a olhar para trás e a pensar que valeu a pena. Mas quando comecei a trabalhar, aos 18 anos, que me custava pela vida, que tinha dores nas pernas e nas costas que só eu sei, também pensava que um dia ia valer a pena... E 9 anos depois, nada mudou grande coisa. Sim, porque agora já não trabalho de pé, já não tenho dores nas pernas, mas as das costas continuam cá, tal como a ausência de tornozelos ao final de um dia de 8 ou 9 horas com o cú sentado.

 

Já vos habituei à falta de fio condutor dos meus posts, portanto não se admirem. Estas humildes linhas foram apenas um desabafo, de quem está seriamente a pensar eliminar o instagram, para não passar horas a comparar-se com vidas que na realidade não existem.

 

Sejam felizes. E se souberem onde comprar uma raspadinha com um bom prémio, avisem (eu divido).

 

16 comentários

Comentar post